Anuncie aqui!

Capítulo 2

20 de ago. de 2012

Thais Cristina,
Olhos Brilhantes.

A Academia Melborne High, apesar do nome estranho e difícil de pronunciar por causa do meu sotaque, era o lugar mais bonito que meus olhos já avistaram. Estar naquela imensidão me fazia parecer uma formiga ou algo menor. Segui em frente, torcendo para que aquele fosse o caminho certo, enquanto memorizava cada pedacinho daquela arquitetura estilizada e absurdamente cara.

À minha esquerda ficava uma quadra imensa onde, concluí, deveriam ser realizados os jogos e campeonatos escolares. Atrás dele, uma área particular com uma jacuzzi. Já à minha direita ficavam os campos de treinamento e educação física, e um pequeno laboratório branco. Todo o local era cercado por árvores, que depois descobri serem artificiais, como toda a vegetação da cidade. Na frente se avistava o campus, onde eram realizadas as aulas convencionais e no andar de cima ficavam os dormitórios. Atrás algumas piscinas e uma pequena área de convivência ao ar livre.

Quanto mais eu avançava, mais sentia como se estivesse em um sonho. Os adolescentes de Moontsun jamais imaginariam sequer ver um lugar desses. Nada estava fora do lugar, era como se as próprias pessoas fizessem parte da decoração, espalhados nos ângulos certos pra emoldurar aquela cena. Todos eram impecáveis, usavam roupas e acessórios coloridos e tinham uma pele bonita, quase reluzente. Para qualquer lado que se olhasse, avistavam-se centenas de aparelhos eletrônicos de última geração. Câmeras, equipamentos de sons e celulares. Muitos deles.

- Perdida? - uma voz surgiu atrás de mim - Não é fácil encarar a academia sozinha logo no primeiro dia.
Virei para trás e me deparei com uma menina, aparentemente da minha idade. Sua pele era morena e seus olhos castanhos, e ela tinha um sorriso simpático estampado no roso. De alguma forma, ela me lembrava de Rannash.  A diferença mais visível eram seu vestido preto e sapatos de salto altos laranja, algo que, definitivamente, nunca usaria se morasse numa ilha onde o chão é coberto de areia.
- Prazer, Raven. - ela me estendeu a mão. Nos cumprimentamos e eu pude notar que muitas outras meninas se vestiam como ela.
- Zara. - falei, tentando não parecer tímida ou estranha demais - Acho que preciso mesmo de ajuda. - ri enquanto ela parecia analisar minhas roupas.
- Acho que posso te ajudar nisso. - respondeu sorridente - E a propósito, adorei a saia! - Não adoraria se soubesse onde foi comprada, pensei, mas não disse. Apenas agradeci e elogiei seu vestido. - Em qual quarto você está?
- Ala 3B, quarto 207. - respondi com dificuldade, tentando decifrar o que aquelas siglas significavam.
- Ah sim, área os calouros. Você vai adorar! - ela disse extremamente animada - Fiquei nesse quarto o ano passado. Você deu sorte, vai poder escolher a cama com vista. Geralmente os novatos só chegam na próxima semana. - ela sorriu. Eu tinha viajado uma semana antes do começo das aulas, para me acostumar com o lugar.

Conforme caminhávamos eu podia notar alguns olhares em minha direção. A maioria era desdenhoso, como se eu fosse alguém desprezível ou tivesse uma doença contagiosa. Já haviam me orientado sobre isso. Eram os chamados, como Rann costumava dizer, mauricinhos. Não que não tivéssemos algumas famílias com melhores condições na ilha, mas quase todo o povo se vestia da mesma maneira e o máximo que tínhamos era uma televisão no "centro esportivo", onde eu e minha amiga fugíamos todas as noites para assistir filmes e noticiários sobre a vida no mundo lá fora. Por sorte, ela sempre ficara abandonada, já que a população de lá se importava mais com o trabalho do que com o próprio lazer.

- Eles não estão costumados com turistas. - Raven disse, arrancando-me de meus pensamentos.
- Ãhn?
- As pessoas daqui não conhecem muitas coisas que venham de fora. Só te acham diferente. - era estranho pensar isso. Como pessoas tão ricas podiam não conhecer o mundo lá fora? - Você não é daqui, ou é?
- Não, sou de uma pequena ilha chamada Moontsun. - respondi, dando de ombros.
- E lá é legal? - ela pareceu interessada.
- Depende do que você chamaria de legal. - rimos. Pelos padrões dali, com certeza Moontsun não se enquadrava na categoria "legal".

Finalmente adentramos o prédio central. O espaço era bem amplo e claro e dividido em infinitas portas e corredores brancos. Lá dentro o barulho era quase inexistente. Nos dirigimos ao terceiro pavilhão, onde subiríamos de elevador. Eu nunca tinha andado em um, no máximo tinha visto uma ou duas vezes pela televisão. Enquanto os andares passavam, meu estômago parecia revirar à medida que o primeiro piso se distanciava. Quando me dei conta, Raven já estava do lado de fora, acenando para que eu a seguisse. Por um momento minha mente vagueou para algum lugar e não percebi que aquele era o meu andar.

Passamos por outro corredor branco e lá estava ele na última porta, quarto 207, meu lar temporário pelos próximos três anos. O lugar era tão grande que eu imaginei que talvez pudesse acomodar todos os habitantes de Moontsun, mas era só um palpite.

- Acho que morri e estou no paraíso! – deixei escapar enquanto me dirigia à grande janela de vidro transparente que dava pra uma vista espetacular.
- Você se acostuma. – Raven disse, e só então eu me lembrei de que ela ainda estava ali – Bom, tenho que me matricular nas minhas aulas e me instalar melhor. Vou deixar você descansar. – eu assenti e ela saiu me deixando sozinha com todo aquele espaço.

 Guardei minhas coisas e me aproximei da janela. Eu certamente posso me acostumar com isso, pensei. Depois me dirigi até uma das camas, onde eu dormiria nos próximos anos, e logo senti meu estômago revirar. Lembrei-me que não havia comido nada desde aquela manhã e peguei um dos embrulhos que aquela mulher me dera. Fiquei feliz ao constatar que ele continha algumas pintchas, e não alguma comida sofisticada e cara que eu desconhecia.

Comi um punhado, sem me lembrar de seu aviso, e logo adormeci. Estava com tanto sono que senti que nada poderia me acordar. Engano meu. Acordei no meio da madrugada, tremendo e assustada por causa de um pesadelo. Nele, um homem com olhos muito brilhantes me perseguia, enquanto meu corpo se cobria com uma coloração meio arroxeada, o que me recordava a cor das pintchas. Eu corria desesperadamente pelos corredores brancos e imaculados, enquanto tudo se escurecia e transformava-se num enorme borrão.
Levantei-me, tomei um copo d’água e tornei a deitar. Dessa vez, nada de pesadelos ou sonhos. Apenas adormeci como uma pedra e só acordei no dia seguinte, com um rosto me encarando assustado.


GENTE, muito obrigada de verdade pelos comentários, tanto aqui, quanto no facebook! Fico feliz que estejam gostando e espero que gostem desse e dos próximos capítulos também, hehe. Kisses.
Escola-http://data.whicdn.com/images/33481903/jingzhou_sports_center_china_02_large.jpg
Sala de Convivência - http://data.whicdn.com/images/34535176/zaha-hadid-Chinese-architecture-futuristic-concept-sky-soho-Shanghai-07_large.jpg
Quarto/Janela - http://data.whicdn.com/images/34535110/zaha-hadid-Chinese-architecture-futuristic-concept-sky-soho-Shanghai-05_large.jpg 

2 comentários:

Natascha Oliveira disse...

Mas essas desenhice, hein!! rsrs!!
Olha só, essa Zada não me deixou nada praudi. Precisa conversar com a minha vó, serissimamente. Falando com estranho, comendo as balinha. Não pode, minha gente.

Doray!

Thais Cristina, disse...

haushaushua, euri amiga!
Zara é dessas destemidas, gosto assim, kk -n

Postar um comentário